sábado, 17 de setembro de 2016

Bailarina

Por Edson Travassos Vidigal

Naquela caixinha meiga ela dançou viva e cálida enquanto o mundo se fechava ao leu de uma canção. Valsou em mim, flutuou em si, Um pé no ar, outro espetado ao chão. Balançou seus braços, repetiu seus passos, na circunferência morta de um astro anão. Suas dobras duras sacudiam tortas carregando o brilho de estrelas mortas. Suas costas lisas refrescavam brisas de um dia escuro, noite de verão. Seu mundo era seu, só seu. Ali, naquele infinito breu. No nada que se veste negro, no todo que se despe nu. E no ínfimo instante em que seguiu adiante, cantou bem baixinho a surda melodia que um dia encantou olhares e tocou bem forte a pele rubra e pálida de um frágil coração...

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A MORTE

Por Edson Travassos Vidigal

A noite cai e o dia se esvai para que Aurora de dedos róseos ressurja uma vez mais, linda, pura, jovial. Que se esquente o que fugiu do amor, que caiam as malhas, as mortalhas, que flutuem os pesos, os presos, que a gota continue rumo ao mar, por outras frestas, outras florestas, outras veredas, outras nuvens, outros choros, outras lágrimas. Que nosso tributo seja uma flor, a minha flor.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Por Edson Travassos Vidigal

E o que se sente, o que se tolhe, o que se há, o que preenche, o que se entende, que se vá, e o que se vende, o que pende, o que entorta, o que mente, o que tende, não importa, e o que me prende, quente, corta, divide, insiste, junta, muda, torta, morta, não toca, não foca, não finca, não... e o que sobra?