segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

MINHA LUZ


Vejo em ti minhas dúvidas
minhas certezas
meus caminhos
o que fiz
o que quis
o que não
vejo em ti meus sonhos
meus medos
meus enredos
o que quero
o que ainda
o que vem
minha vida
minha beleza
minha luz

domingo, 6 de dezembro de 2015

ESTRELA

Não quero conchas aos meus pés no vai e vem das marés. Quero a estrela mais brilhante no firmamento. A que me faça olhar pra cima, pular no abismo, flutuar no éter, abraçar sua luz e beijar minha alma até o dia em que sejamos todos apenas um.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

AURORA


Por Edson Vidigal


Tão profunda quanto a brisa calma
que toca o corpo
e alivia a alma

Suave sol de verão
queima o rosto
amorna o coração

Tão sutil, tão firme
tão cheia
como um toque
deve ser

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

É O QUE FAÇO

Cabe ao sol em seu amor pela lua apenas lhe banhar de luz, fazê-la brilhar, irradiar toda a sua beleza.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

TE EMBALO

Por Edson Vidigal


Não penso
te embalo
não tento
te embalo
não sento
te embalo

Lento
lento
lento

Como deve ser
meu carinho
meu caminho
minha busca
meu viver

meu amor
por você

Te embalo em meu peito
te embalo sem jeito
te embalo e respeito
teu leito
te embalo

Pela tarde
te embalo
sem alarde
te embalo
pela chama que arde
te embalo
e te embalo

Nesse balanço lento
que nos leva
que nos traz
que nos faz
quando somos
apenas um

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

MEU ANJO

Por Edson Vidigal

Antes de tudo, antes do sol, da lua, do mar, das estrelas, antes que o chão tocasse o firmamento, eu era infinito, e voava nas asas de um anjo de luz.
Ele me deitou, meu beijou e me fez seguir em frente, pela finitude de um dia que se acaba apenas para que um novo possa nascer do fundo de uma noite linda, prenha da luz que teima em romper o horizonte.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

PULSAR


Naquela porta, naquela sala, naquele berço, dormia o sol, na lua cheia. Enquanto anjos circundavam o jardim em busca de flores que cansaram de murchar. Que cansaram de sorrir, que cansaram de andar.

O suor descia de seu rosto pálido e encontrava o frio em seu peito vazio. Naquela sensação de não pertencer a nada, a ninguém, a lugar nenhum. Aquela sensação de ausência de repouso, de descanso, de um final feliz.
E notas graves emolduravam uma linda melodia que dançava na noite por entre os goles de momentos felizes que lhe desciam pela garganta de tantos em tantos compassos.

Naquela cadência infinita, naquele ritmo forte, naquele pulsar profundo, batia um coração fraco, sem muito ar, sem muito mar, sem água, sem molho. Um redemoinho de escarpas sem fim de onde não se viam fundos, apenas o negro de olhos brilhantes nos quais se podia eternamente despencar.
E molduras não podiam conter o canto que extravasava a tela em somatórios de pontos que, unidos, beijavam curvas, subidas e descidas calmas e tenras onde pássaros cantaram e aves pousaram em meio ao vôo.

Foi quando um grito mudo ecoou no éter, atravessando o futuro em ondas de calor, de pulsões, de explosões que alcançavam planetas distantes. Escapou da luz por cansaço de segui-la em vão, pois onde quer que ousasse pensar, lá ela já estava, carregada por suas aladas e velozes carruagens de fogo.

Da dor, da cor, do amor, finalmente nasceu, então, carregado de rosa e azul, o novo dia.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

ANJO LINDO


Era um dia quente, e o vento, já exaurido de tanto trabalho naquele verão, resolveu se dar algum descanso, pois também era filho de Deus. As nuvens saíram para passear e aproveitar o sol. E só restou aquela singela árvore, quase sem copa, a fazer sombra àquela figurinha esguia, que de longe só se via o sorriso imenso e quente, cheio de carinho.

Seus bracinhos eram leves e dava medo de quebrar ao toque. Sua ternura, por outro lado, impelia a um abraço apertado, desses de esmagar as costelas. Mas suas costelinhas, tão crocantes, tão delicadas, tão raras e receptivas, com certeza não aguentariam tal demonstração de apreço.

Ela me fazia pensar como a verdadeira beleza é frágil. E como o verdadeiro toque de amor deve ser ao mesmo tempo seguro e cuidadoso.

Muitas vezes no afã de se grudar a quem se ama, acaba-se machucando de forma irreversível o fino e delicado sentimento que buscamos. Por isso as rosas têm espinhos, únicas proteções para suas aveludadas e cheirosas pétalas, tão agradáveis ao tato, tão deliciosas ao olfato, tão realizadoras aos olhos, tão completas aos sentidos.

Ela era assim, como uma rosa rubra desnuda de espinhos. Um flor delicada e rara em meio ao jardim ensolarado e quente.

Sua silhueta tão tênue disputava espaço na grama com a sombra daquela pequena árvore que dançava estática enquanto crescia no decorrer de seus poucos anos de vida. E cada dedinho seu fazia lembrar a aurora, a cada doce despertar.

Não contive o palpitar de meu coração, que tomado pela beleza, batia certo em sua direção. Não contive o andar de minhas pernas, o suor de meu rosto, meu olhar apaixonado, que ensaiava palavras que não chegaram a nascer.

Ela me viu, sorriu, seus olhos brilhavam e eram um caminho de luz a ser percorrido pela eternidade.

Aproximei-me com muito cuidado daquele anjo vestido de gente. Apenas o suficiente para, observando-o, não assusta-lo. E cada passo na grama era uma vida inteira de possibilidades que invadiam minha mente e devastavam meu corpo em ondas de emoções.

Nem cheguei a toca-la.

Sem espinhos, meu anjo partiu.

E voa por aí nas asas do vento.

Mora para sempre no mais profundo e forte pulsar de meu coração.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

LUZ


Luz 

que permeia
que invade
incendeia
meu amor
meu coração



Luz 
que me ateia
que arde
clareia
minha dor
minha paixão


Luz 
que ladeia
que tarde
semeia
meu calor
minha razão


Luz 
que alardeia
que parte
esteia
a cor
a ação

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

SEREIAS

Quando menos esperava, ele se perdeu. Em meio a vagalhões de morte, untado por espirros salgados, tão húmidos quanto aquele beijo eterno que um dia tentou prende-lo em uma imortalidade que não o conquistou.
Da beleza infinita lhe tomou os dedos, as mãos, os braços, os pés, as pernas, os cabelos, a razão. Beijou-lhe o rosto, a boca, a nuca. Amparou os seios, o ventre, as costas nuas, e a deixou cair, como tantas outras quimeras que seduziu em seu longo e distante mergulho em si, rumo àquela velha oliveira cujas raízes lhe eram cama.
Sentiu pulsos palpitantes, olhares radiantes, desejos infinitos jogados a seus pés. Fez seu nome ecoar nos ares em afronta aos deuses. Varreu o mundo até o inferno, de onde, sem nunca estar morto, ressuscitou ao firmamento e à imortal memória dos homens.
Seduziu deusas, gozou de infindáveis femininos favores, até se deixar seduzir pela morte mais bela, mais feminina, mais líquida, mais embriagante.
Mal sabia ela, era apenas mais um de seus infindáveis ardis...

sábado, 10 de outubro de 2015

DONZELAS E SEUS CASTELOS


Quem não desnuda a pele em pontiagudos espinhos, não unta o sangue em afiadas lâminas, não enrijece a carne em íngremes escaladas, não vence o dragão de seus próprios anseios e medos, não mata todo o negro que há em si, nunca será capaz de respirar o ar que sai da suculenta boca do verdadeiro amor, sentir ao tato a doce textura de suas pétalas rubras, o embriagante frescor de seus aromas mais fecundos e realizadores da paixão maior - a vida.

domingo, 27 de setembro de 2015

ODISSÉIA

Por Edson Vidigal

Não tenhamos medos de seguir a necessária viagem, nem de vivenciar cada gota desse infinito mar. Com ímpeto, perspicácia e foco, alcançamos terras inimagináveis. Basta sempre conferir o casco, as velas, os remos, as amarras. Munir o coração de coragem, a mente de autocontrole e, principalmente, a alma da mais intensa e pulsante paixão.



sábado, 26 de setembro de 2015

NO INSTANTE

Quando abri novamente tuas páginas, há tanto esquecidas cuidadosamente entre as mentes mais significativas que por este mundo louco passaram, mergulhei na viagem de teu corpo, como nunca antes tive coragem suficiente.
Percebi que minha viagem rumo a teu coração havia se perdido, talvez no prefácio, ou na apresentação. O fato é que hoje a beleza foge de minhas palavras como um cão foge de seu dono por não mais o reconhecer.
Meu cheiro mudou, meu olhar mudou, meu corpo mudou. Me deixei transformar pelas vicissitudes da vida, em detrimento de meus sonhos.
É possível se perder dentro de si próprio? É possivel se achar, sem que alguma estrela das constelações afora sirva de norte?
Parece ser uma constante em minha vida os "mais uma vez". A estória se repete uma, duas, três, infinitas vezes, como que me dissesse "abre essa cabeça dura e muda".
E sempre me sinto mudando, mas parece que nunca é o suficiente, ou quem sabe nunca é nada. Sempre me sinto "mundando"...

282


Hoje volto a São Luís 
espera
longa espera
esparso universo 
de constelações de espera
esparsos seus olhos 
que me dizem "fica"
e eu vou
esparsas a mente e a razão
que me levam sob custódia

Hoje volto a São Luís 
Tenho que esperar
logo espero
é, era
uma Era
uma odisséia em transição
Transcendental efêmero
rumo a nova solidão
solidão de olhares e palavras
palavras de dúvidas e paixão
paixão por pétalas e rosas
rosa eterna da ilusão

Linda 
eu sinto em seu peito
um nobre defeito
o palpitar de uma emoção
Aceito
o que seria está feito
sem jeito
em nosso leito
sonha por nós
e chora o coração
Chora o suor de meu corpo
que ora morto
quente vela
seu carinho e afeição
chora nos olhos das fadas
lágrimas espadas
e forte espera
pelo toque de sua mão
Chora em um dado momento
e jogado ao vento
voa longe
longe
beija tua alma
e aguarda a volta
nos versos de uma canção

LUA DE SANGUE


Antes que a noite nascesse pela primeira vez, antes que pela primeira vez a lua aos lábios fosse tocada, antes que o homem sonhasse em conquistá-la, alcançá-la e possui-la, a triste nuvem já a admirava, e chorava sua afeição.
Chora até hoje, por saber que nunca voará alto o bastante para tocá-la o rosto, sem antes se sucumbir.

ACORDAR


Não se enterram vontades súbitas, como a de rir, chorar, cantar aos mares ou beijar um "te amo" sem o necessário porquê.
Compelida ao vento a função de nos levar ao toque de palavras e intenções, esvai-se o desejo silenciado em sussurros de lábios dos quais não se colhem os olhares mais ternos. E palavras jorram despencadas em cascatas pelas linhas sóbrias e sábias de quem nos queira dar lições do que seja a vida.
São apenas toques. Toques musicados por fios de brilho intenso que se deixam descobrir revelando esse doce olhar que respira a ansiedade de te deixar sentir as palavras e te cantar um beijo.
A obrigação da lucidez me obriga a ser um tanto quanto lógico e superficial, temendo apenas o esvair dos pensamentos. Algo como se ficassem os sons num silêncio cíclico e instigante a se deixar levar.
Uma vela ao vento que molda ondas, panos, direções, sentidos, e desliza dedos no macio mar de pelos, pele e sedução. Por sentir necessidade de sair, de viver, de acordar. Acordar de um sono longo, de reviravoltas na insônia que move lençóis, travesseiros, rumos, e que me avisa que não devo continuar dormindo.
Engraçado o necessário a nos acordar. Sem o sol nos lembrar que existe o dia, na noite simplesmente dormiríamos sem nela sonhar. Acordei por hoje e sonharei o suficiente a deitar contigo mais uma vez em nossos caminhos, em minha alma, em teus anseios, em teu palpitar, em teu seio ávido e aberto a mais uma gota de emoção.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

DORME, LINDA!


Dorme, linda
dorme e sonha
sonha agora
e ainda por ora
esquece a demora
do nosso querer
do nosso sonhar
Dorme, linda
dorme e sonha
talvez me proponha
sentir ao teu lado
a tua essência
o toque da noite
dormir e sonhar
e doce faz manha
sou teu travesseiro
teus sonhos
teu cheiro
até acordar
Dorme, linda
que as asas me levam
o sono me chama
o céu é minha cama
o céu e as estrelas
pontinhos brilhantes
que piscam distantes
a minha paixão
seus olhos me abraçam
seus cabelos me laçam
e o seu sorriso
é mais um pedido
de sedução
me ama e me beija
me sente e me deixa
sangrar de emoção
sua pele acanhada
sue face rosada
me deixam acordado
com o lápis na mão
e escrevo dormindo
sonhando, sorrindo
apesar que partindo
deitado, sentindo
o teu coração.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

ESPELHO


No escuro de teu querer
mora o lago
fundo
ao lado
do meu
que não vê
que não ouve
que não diz
que não toca
que sufoca
que não quer
que não
beija a mão
os pés
o corpo
a razão
e me faz
querer
não ser
não ter
não se ver
talvez não
No escuro
à mingua
da tua lua
que reflete
a luz
que não quer
chegar

terça-feira, 22 de setembro de 2015

APENAS UMA PEQUENA BRINCADEIRA DE FIM DE TARDE

Por Edson Vidigal

Nuvem branca
Livre, solta
Sopro de vento sudeste
Chega e me veste
Sutil, delicada, forte
Refrescante leito de morte
Fecha meus olhos
Pega minha mão
Me faz sonhar
Me tira
Me atira

no chão

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

UMA PORTA, UMA JANELA...


O dia ainda estava verde. O brilho da escuridão cantava assobios curtos que acalmavam a mente. Lá de dentro ouvia-se passos delicados, quase um arrastar de pés, preocupados em não acordar o sono. Em não sufocar os sonhos.

O cheiro de mar soprava por entre as janelas, fazendo dançar as cortinas, tão roçadas em tantas outras sinfonias. E a leveza era sutil no ar.

Pedaços de pele se aqueciam, amornavam o peito, molhavam o coração. E pequenas crianças se amparavam uma à outra, em meio a tantas fugas, medos, culpas e tentações.

Um tempo solto naquela imensidão de tudo. Naquele profundo oceano que abraçava forte, que amparava mole, que beijava lento.

Uma realidade distante que tomava forma em cada desejo, em cada palavra, em cada pulsar de flamejantes veias.

Veias encharcadas do sangue que ardia por querer, por não deixar, por antever, por não ceder, por talvez a ânsia de esquecer.


E tudo aquilo se foi. Voou pra longe com o bater de asas de uma pequena andorinha, que apenas queria entrar.