Por Edson Vidigal
O macroscópio é o melhor instrumento que já inventaram. Ele deixa tudo longe, bem pequenininho. Como se você estivesse olhando para algo lá no horizonte. Se você olhar para um prédio usando um macroscópio, ele ficará do tamanho de uma árvore. Se você olhar para uma árvore usando um macroscópio, você vai ver só um pontinho verde, do tamanho de uma pequena folha. Se você olhar para uma folha usando o macroscópio, você nem conseguirá vê-la, ela ficará do tamanho de um micróbio. E um micróbio, então, fica tão pequenininho que some. Ele deixa de existir. Mas pra quê se preocupar com coisas tão pequenas como micróbios que não podemos ver, se não conseguimos nem cuidar das coisas grandes que são fáceis de ver?
O macroscópio é o melhor instrumento que já inventaram. Ele deixa tudo longe, bem pequenininho. Como se você estivesse olhando para algo lá no horizonte. Se você olhar para um prédio usando um macroscópio, ele ficará do tamanho de uma árvore. Se você olhar para uma árvore usando um macroscópio, você vai ver só um pontinho verde, do tamanho de uma pequena folha. Se você olhar para uma folha usando o macroscópio, você nem conseguirá vê-la, ela ficará do tamanho de um micróbio. E um micróbio, então, fica tão pequenininho que some. Ele deixa de existir. Mas pra quê se preocupar com coisas tão pequenas como micróbios que não podemos ver, se não conseguimos nem cuidar das coisas grandes que são fáceis de ver?
Alguém menos informado
poderia perguntar pra quê serve um macroscópio. E eu responderia: “Ora, para
poder ver as coisas bem pequenininhas!”. Mas tem gente que parece não querer
entender. Se para bom entendedor, meia palavra basta, como é que alguém não
consegue entender com oito palavras? Eu passei muito tempo tentando entender
isso, e por isso é que eu inventei o macroscópio. Para que as pessoas consigam
entender as coisas mais facilmente, com menos palavras.
Uma vez, eu conheci uma
pessoa que era enorme. Era maior que uma folha! (Se para você isso não é grande
o suficiente, para a folha é, ora bolas...)
Ele era enorme, um gigante
como nunca antes eu vi. Era maior que um “cauabanga”, bem maior que um
“Calamungo” e “muitissíssimamente” maior que um “Kitspliq”. Ele era maior que
tudo. Realmente enorme. Só para você ter uma idéia de como ele era enorme, o
dedão do pé direito dele era tão grande que se você pulasse da unha dele
levaria a vida toda caindo e nunca alcançaria o chão.
E por ele ser tão grande,
as outras coisas para ele eram bem pequenininhas. Muito pequenininhas mesmo.
Ele era tão grande que o chão ficava muito muito longe da cabeça dele. E ele
olhava pra baixo pra ver os seus pés, e quando via o mundo lá embaixo de seus
pés, tudo ficava tão longe que mal dava pra ver. Ele olhava pro sol e só via um
pontinho brilhante, igual vemos as estrelas no céu, que dizem que na verdade
são muito maiores do que o sol. Ele olhava pro lado e via toda a galáxia, que
pra ele era como se fosse uma gotinha de leite em um pires. Assim ele conhecia
tudo. Ele via tão longe que via muito. Ele sabia de tudo. Ele só não via as
coisas que eram tão pequenininhas mesmo que não tinha porque ele se dar ao
trabalho de ver. Pra que?
Ele me disse uma vez que
era muito gostoso ver as coisas assim. Ver a dança do universo, ver tudo junto
de uma vez só. Ver as coisas pequenininhas. Ele via tudo muito melhor que nós.
Porque ele via de longe. E quanto mais ele apertava os olhos, mais as coisas
ficavam pequenininhas e mais longe ele via. Foi ele quem me deu a idéia de
construir o macroscópio.
Imagina se você não pudesse
ver o sol lá longe, pequenininho? Você nem saberia que ele existe, pois ele de
perto é tão grande que se a terra estivesse bem pertinho dele e nós
conseguíssemos continuar vivos, sem derreter, você acharia que ele é o universo
e não tinha fim. Igual quando olhamos pro céu de noite.
E se o universo que vemos,
aquele preto todo cheio de estrelinhas, na verdade for um imenso planeta preto
com pontinhos brilhantes, que é tão grande que cobre tudo o que está atrás
dele? Só conseguiríamos saber que na verdade o universo é só mais um planeta
grande se usássemos um macroscópio bem potente, mas ele ainda não foi
inventado.
O meu amigo gigante uma vez
me contou um segredo. Ele me disse que, na verdade, as coisas são mesmo bem
pequenininhas. Nós todos somos bem pequenininhos. Tudo o que precisamos é bem
pequenininho, e nossos problemas também são bem pequenininhos. A única coisa
que é grande mesmo é ele, que na verdade é a soma de todas as coisas
pequenininhas. As pequenas coisas só ficam grandes quando se juntam. Quando
estão unidas muitas delas, umas às outras. Só que sem a ajuda do macroscópio,
não conseguimos perceber isso. Achamos que tudo é grande, tudo é maior do que
na verdade é. E tudo é mais complicado e mais difícil do que na verdade é.
Se olharmos para uma cidade
usando o macroscópio, a cidade ficará do tamanho de um mapa, como se
estivéssemos olhando pra ela de um avião, então ficaria fácil achar qualquer
caminho que se estiver procurando.
Se olharmos para um problema usando o
macroscópio, ele ficará bem longe e pequenininho, e assim poderemos entende-lo
melhor e resolvê-lo sem medo de seu tamanho. Se você olhar para todas as coisas
que deseja usando o macroscópio, elas ficarão tão pequenas que só mesmo aquelas
que realmente importam serão vistas. As outras simplesmente sumirão e, sem
vê-las, você as esquecerá e assim não perderá mais tempo com elas.
Se você
olhar para as pessoas usando um macroscópio, elas ficarão tão pequenininhas que
você não notará nenhuma diferença entre elas. Você verá que elas são todas
iguais. E o melhor de tudo: Se você olhar para um espelho usando um
macroscópio, você ficará igual a elas, e perceberá que todos nós só nos
desentendemos por que achamos que somos grandes e diferentes uns dos outros.
Perceberá que se continuarmos brigando para ver quem é maior, estaremos sempre
separados e pequenos. E nossos problemas estarão sempre enormes e crescendo.
Perceberá que, ao invés de tentar aumentar as coisas para tentar ver elétrons e
outras coisinhas insignificantes, é bem melhor diminuir as coisas para
percebermos o quanto tudo é pequeno separado e o quanto a soma de tudo junto é
grande e bonita.
Aquele meu amigo gigante
ainda me disse um último segredo quando o conheci: Ele disse que todos nós
temos um macroscópio dentro de nós. O problema é que aumentamos tanto as coisas
de fora, que o que temos dentro de nós fica tão pequenininho que some. Deixa de
existir.
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