sábado, 26 de setembro de 2015

ACORDAR


Não se enterram vontades súbitas, como a de rir, chorar, cantar aos mares ou beijar um "te amo" sem o necessário porquê.
Compelida ao vento a função de nos levar ao toque de palavras e intenções, esvai-se o desejo silenciado em sussurros de lábios dos quais não se colhem os olhares mais ternos. E palavras jorram despencadas em cascatas pelas linhas sóbrias e sábias de quem nos queira dar lições do que seja a vida.
São apenas toques. Toques musicados por fios de brilho intenso que se deixam descobrir revelando esse doce olhar que respira a ansiedade de te deixar sentir as palavras e te cantar um beijo.
A obrigação da lucidez me obriga a ser um tanto quanto lógico e superficial, temendo apenas o esvair dos pensamentos. Algo como se ficassem os sons num silêncio cíclico e instigante a se deixar levar.
Uma vela ao vento que molda ondas, panos, direções, sentidos, e desliza dedos no macio mar de pelos, pele e sedução. Por sentir necessidade de sair, de viver, de acordar. Acordar de um sono longo, de reviravoltas na insônia que move lençóis, travesseiros, rumos, e que me avisa que não devo continuar dormindo.
Engraçado o necessário a nos acordar. Sem o sol nos lembrar que existe o dia, na noite simplesmente dormiríamos sem nela sonhar. Acordei por hoje e sonharei o suficiente a deitar contigo mais uma vez em nossos caminhos, em minha alma, em teus anseios, em teu palpitar, em teu seio ávido e aberto a mais uma gota de emoção.

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