quarta-feira, 16 de setembro de 2015

UMA PORTA, UMA JANELA...


O dia ainda estava verde. O brilho da escuridão cantava assobios curtos que acalmavam a mente. Lá de dentro ouvia-se passos delicados, quase um arrastar de pés, preocupados em não acordar o sono. Em não sufocar os sonhos.

O cheiro de mar soprava por entre as janelas, fazendo dançar as cortinas, tão roçadas em tantas outras sinfonias. E a leveza era sutil no ar.

Pedaços de pele se aqueciam, amornavam o peito, molhavam o coração. E pequenas crianças se amparavam uma à outra, em meio a tantas fugas, medos, culpas e tentações.

Um tempo solto naquela imensidão de tudo. Naquele profundo oceano que abraçava forte, que amparava mole, que beijava lento.

Uma realidade distante que tomava forma em cada desejo, em cada palavra, em cada pulsar de flamejantes veias.

Veias encharcadas do sangue que ardia por querer, por não deixar, por antever, por não ceder, por talvez a ânsia de esquecer.


E tudo aquilo se foi. Voou pra longe com o bater de asas de uma pequena andorinha, que apenas queria entrar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário